O futuro concessionário da linha marítima entre a Madeira e o Continente terá de garantir uma viagem semanal entre o Funchal e Portimão com uma duração máxima de 24 horas.
O Governo Regional da Madeira já tem pronto o caderno de encargos para o concurso público internacional de concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e mercadorias entre o arquipélago e o Continente, devendo avançar nas próximas semanas.
De acordo com o adiantado pela imprensa local, o Executivo insular impõe que o navio alinhado no serviço tenha capacidade para transportar pelo menos 300 passageiros e carga rodada, numa ligação directa entre o Funchal e Portimão, em menos de 24 horas (a uma velocidade média de 21 nós).
Para poder operar sem restrições no Funchal, o navio que venha a ser alinhado no serviço não poderá exceder os 175 metros de comprimento nem os seis metros de calado, acrescenta o regulamento.
O caderno de encargos impõe ainda a realização de pelo menos uma viagem semanal em ambos os sentidos, todas as semanas do ano.
Aposta na carga
A ligação Funchal – Portimão replicará o trajecto servido há uns anos pela Naviera Armas (sendo que na altura se chegou a falar na possibilidade de transferir o porto de escala no Continente para Setúbal, para melhor servir a carga).
A diferença, importante, é a imposiação da ligação directa (a Naviera Armas fazia um “desvio” pelas Canárias) e o tempo de trânsito máximo de 24 horas.
Actualmente, o tempo de viagem para o transporte marítimo de carga entre o Continente e a Madeira ronda os quatro dias, pelo que a nova oferta, a concretizar-se, será praticamente imbativel nos casos da carga rodada.
O facto de o navio ir escalar no Funchal (o que não foi pacífico na altura da Naviera Armas, uma vez que os demais armadores são obrigados a operar no Caniçal) aproxima as cargas das origens/destinos madeirenses mas limita as operações, uma vez que o porto da capital madeirense não está preparado para as cargas.
Por outro lado, não se sabe ainda se será possível o transporte apenas de camiões completos e conjuntos tractor-semi-reboque, ou se também poderão embarcar-se cargas desacompanhadas (outro foco de polémica no tempo da Naviera Armas).
Nove milhões de apoio público
Esta será a segunda tentativa do governo madeirense para relançar a ligação marítima entre a Madeira e o Continente. O primeiro concurso, em 2016, acabou anulado por falta de interessados.
A diferença, agora, é que o Executivo regional oferece um apoio anual de três milhões de euros, durante três anos, para minorar os potenciais prejuízos na fase de arranque do serviço.
Falta saber se isso será suficiente para convencer os operadores nacionais e/ou internacionais.