O Tribunal do Comércio de Boulogne-sur-Mer decretou a liquidação judicial da SCOP SeaFrance, a cooperativa de ex-trabalhadores da SeaFrance que que explorava os três ferries da MyFerryLink no Canal da Mancha.
A decisão, da última sexta-feira, deverá permitir o pagamento dos salários aos 487 trabalhadores da empresa (embora não seja certo que a SCOP SeaFrance tenha liquidez para fazê-lo), mas marca o princípio do fim da empresa.
O tribunal optou por não seguir a proposta do procurador de Boulogne-sur-Mer, Jean-Pierre Valensi, que apontava para um prolongamento da actividade da SCOP SeaFrance por mais seis meses.
Esta decisão judicial é mais um capítulo no folhetim entre os marinheiros da SCOP SeaFrance, a Eurotunnel, proprietária dos três navios que a empresa operava, e a concorrente DFDS, que adquiriu dois dos três navios.
Antes de ser conhecida a sentença judicial, o governo francês tinha apresentado uma proposta de liquidação da SCOP SeaFrance e de criação de uma nova cooperativa para explorar apenas um ferry, com a integração de 380 dos actuais 487 trabalhadores.
Os trabalhadores não ficaram, porém, satisfeitos com a proposta do governo e prosseguiram com os protestos. Centenas de trabalhadores da SCOP SeaFrance bloquearam, na última sexta-feira, as vias de acesso ao porto de Calais com pneus em fogo, o que levou, como consequência, à paralisação da estrada nacional 216.
Também Loon-Plage, perto do porto vizinho de Dunquerque, onde a DFDS instalou a sua actividade, foi alvo de acções por parte dos manifestantes. Entretanto, este cenário de protestos tem, recorde-se, potenciado a tentativa de subida a bordo dos camiões por parte de migrantes que pretendem entrar de forma ilegal em território britânico.