São três quilómetros de cais, 75 hectares de terraplenos e 96 hectares de área industrial e logística. O Porto de Setúbal procura investidores que lhe garantam o crescimento “para os próximos 30 anos”, avança ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS o presidente da administração portuária.
Porque não basta dizer que se tem capacidade para crescer e potencial para servir um hinterland mais vasto, a Administração do Porto de Setúbal e a SapecBay estão já a promover, junto de investidores nacionais e internacionais, as duas áreas de expansão de excelência do porto sadino.
“Existem áreas de expansão de expansão portuária entre o terminal ro-ro e o terminal Sapec, que são da responsabilidade e iniciativa da APSS, e um projecto intregrado logístico-industrial e portuário – o “Blue Atlantic” -, que inclui áreas da SapecBay e da APSS”, enumera Vítor Caldeirinha.
Para a denominada área central do porto, prevê-se uma frente de cais de 1 800 metros e 75 hectares de terraplenos. O “desenho” apresentado aponta para um desenvolvimento em três fases (600m + 600m + 600m e 25ha + 25ha + 22 ha), mas o presidente da APSS avisa que a solução final “dependerá dos interessados que encontrarmos. Podem ser várias fases de um mesmo terminal, ou vários terminais”.
Em aberto está igualmente o(s) tipo(s) de terminal(ais) a implementar. “São áreas para qualquer tipo de carga que seja compatível com a envolvente. Não colocamos restrições à partida”, acrescenta.
Certo é que os fundos disponíveis “serão os do canal Norte, que está previsto ser dragado e permitirá navios de 4 000 TEU (shortsea) em qualquer maré, e navios graneleiros de -14 metros de calado à maré”. E certo também, garante Vítor Caldeirinha, é que qualquer terminal será concessionado em regime de “construção e exploração, se bem que as dragagens previstas pela APSS deverão permitir criar na zona alguns terraplenos”.
O presidente da APSS não arrisca estimativas de capacidade de movimentação de cargas. Nem do investimento necessário, mas lembra o “terminal da Sadoport, que custou cerca de 30 milhões de euros nos seus 725 metros de cais e 20 ha de terraplenos”.
Este projecto de expansão “está a ser promovido junto de operadores portuários nacionais e estrangeiros” e, garante Vítor Caldeirinha, “tem sido recebido com interesse face ao potencial, aos fundos futuros do canal e aos reduzidos valores de investimento envolvido”.
ZIL de Setúbal chama-se “Blue Atlantic”
O “Blue Atlantic” é, no essencial, um projecto da SapecBay, embora com uma importante âncora portuária que envolve, claro, a APSS.
No que toca à área logístico-industrial propriamente dita, “são 96 hectares de área da SapecBay, com uma capacidade máxima de construção de 380 mil metros quadrados, com ligação ferroviária privativa”.
Poderão ali instalar-se “indústrias pesadas, ou empresas de logística internacional, ou operadores portuários”, embora a aposta maior dos promotores seja “na complementaridade entre indústria e logística”.
Para isso, além da já referida ligação ferroviária, prevê-se a criação de uma frente de cais com “800 metros de extensão e fundos de -13 metros”. Aí mandará a APSS. Sendo seguro que o investimento será sempre de privados. “Se for de uso privativo, será um contrato de uso privativo. Se for de serviço público, terá de haver um concurso público internacional”, diz o presidente da administração portuária.
O projecto integrado está a ser divulgado “em todos os continentes” pela SapecBay. Com o envolvimento da APSS.
Em ambos os casos – zona central do porto e área logístico-industrial – o timing e a decisão de avançar está exclusivamente dependente do surgimento de investidores interessados. Mas Vítor Caldeirinha acredita que o que está pensado “permite a expansão do porto para os próximos 30 anos”.
Last but not the least: estas possibilidades de expansão do porto estão previstas no Plano Estratégico do Porto de Setúbal que “foi discutido com a Comunidade Portuária”, remata o presidente da APSS.