Os turcos do Yildirim Group estarão interessados em comprar a Tertir à Mota-Engil. Mas também poderão acabar como parceiros do grupo de António Mota. Tudo depende do preço.
“Não se pode falar ainda em negociações. O grupo Yildirim perguntou se haveria disponibilidade para vender, ao que lhes foi dito para apresentarem uma proposta. Não há ainda nada de concreto”, avançou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS uma fonte conhecedora do processo, referindo-se à possível venda da Tertir ao grupo turco, accionista de referência da CMA CGM.
Na origem do processo estará a intenção do Novo Banco de vender a posição de 36,875% na Tertir que herdou do BES. O negócio original remonta ao final de 2013. Na altura, a Mota-Engil encaixou 59 milhões de euros com a venda daquela posição minoritária.
Em Outubro do ano passado já era notícia o interesse de vários investidores internacionais, nomeadamente fundos especializados em infra-estruturas, na compra daquele activo, não estratégico para o Novo Banco.
“Agora o que se passou foi que o banco que está a assessorar o grupo Yildirim contactou a Mota-Engil para saber da disponibilidade para vender tudo”, enfatizou a mesma fonte, que pediu o anonimato.
Quanto a saber quanto valerá o hipotético negócio, os 59 milhões de euros que renderam os 36,875% no final de 2013 servirão apenas como uma mera referência. Porque o que poderá estar agora em causa é algo absolutamente diferente. E porque entretanto já passou mais de ano e meio.
A Tertir, note-se, concentra todas as actividades de transportes e logística do grupo Mota-Engil. Os negócios mais rendíveis serão as concessões portuárias – e o grupo está presente em todos os principais portos do Continente e ainda no Peru e na Galiza (a TCL detém 100% da FCT de Ferrol). Mas há que considerar também a actividade transitária (com destaque para a Transitex) e ainda a Takargo no transporte ferroviário de mercadorias.
Caso o negócio da compra total da Tertir não avance mas o grupo Yildirim fique, ainda assim, com a posição que é do Novo Banco, a Mota-Engil ganhará um poderoso parceiro de negócios, com capacidade de investimento e grande know-how no sector.
Na verdade, os turcos controlam cerca de 24% da CMA CGM número três mundial no transporte marítimo de contentores (depois de praticamente a terem “salvo”) e têm ainda importantes activos na operação de terminais. Além disso, a holding tem outros negócios à escala global e de dimensão planetária.